A morte de um ídolo toca as pessoas não tanto pela perda da figura idolatrada, mas pelos momentos de vida a ela associados, que acabam partindo junto com o astro. Quando aprendemos a admirar um cantor, por exemplo, geralmente o fazemos ouvindo sua música em momentos que nos são aprazíveis. Aí relacionamos um ao outro, e assim guardamos passagens mágicas da nossa existência.
Foi assim que virei fã de Michael Jackson. Tinha sete anos de idade quando meus pais, não sei se comprando ou ganhando, trouxeram Thriller para casa. Era 1982. Eu o ouvia em uma caixa de abelha antiguissima, um toca discos dos anos 70 que compráramos em Lages antes de virmos para Blumenau.
Passava os dias ouvindo Jackson, olhando a capa do disco, o encarte, fitando o semblante do astro e sonhando ser igual ele. Thriller tem três grandes clássicos: a música que dá título ao disco, Billie Jean e Beat It, que virou símbolo de uma nova atitude transgressora. Mas tem também pérolas como Human Nature e The Girl Is Mine, num dueto com Paul McCartney. É um vinil sensacional!
Meus sonhos eram embalados por aquela música. Num tempo em que acreditamos que o mundo será do jeito que quisermos. E eu queria que fosse aquelas coisas que eu imaginava ouvindo Jackson. Queria ser capaz de brilhar através da arte, ser conhecido por algum talento incomum; na verdade queria ser uma estrela também.
Aí crescemos e descobrimos que a maioria dos nossos sonhos não vai tornar-se realidade. Mas enquanto o ídolo vive, parece que sempre há alguma chance, por mais que saibamos que não haja. Quando ele morre, porém, a ficha cai de vez. Chega então a prova de que o tempo passou, e aquela música também. Os sonhos ficaram na memória, assim com os momentos nos quais eles nasceram.
Senti de verdade a morte de Jackson. Fiquei de fato triste, até me emocionei. Parece que perdi alguém próximo, incrível isto.
domingo, 28 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Surraram a democracia
A democracia sofreu duro golpe com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que cassou a exigência de diploma para o ofício do Jornalismo. A Justiça, mais uma vez alinhada ao poder, optou por satisfazê-lo, em vez de satisfazer a maioria da população. A quem interessa que o mercado da comunicação tenha profissionais menos qualificados e pior remunerados? Somente a quem prefere ver o povo tutelado e privado de qualquer inflexão mais crítica. E neste balaio, infelizmente, também estão os grandes conglomerados de comunicação. Os patrões, como era de se esperar, aplaudiram a decisão. Comemoraram, foram tomar champagne com caviar, no café da manhã, em Paris.
Afinal, esse é o papel da imprensa: trazer à tona assuntos que, muitas vezes, ferem interesses corporativos para dar ao futuro do país uma perspectiva melhor. E é isso que querem evitar com a decisão da última quarta-feira. Querem jornalistas burros, pouco qualificados, que possam ser facilmente manipulados. Querem somente amebas à frente do conteúdo informativo entregue ao povo. Assim, poderão perpetuar o poder, mantendo-nos tutelados, sob as rédea dos barões da política nacional.
A decisão, na verdade, foi um "cala boba". A Justiça detesta a imprensa. Tem medo dela, teme a perda de regalias e privilégios, assim como o abalo de suas relações promiscuas com o poder. Por isso cassaram nosso diploma. Por isso nos humilharam, passaram por cima de nossa dignidade. Mais uma vez, foi a postura de uma Justiça que condena ladrões de galinha para proteger quem tem colarinho branco.
A alegação de nossos digníssimos magistrado não poderia ser mais esdrúxula: liberdade de expressão. Ora, senhores, jornalistas não se expressam, são apenas um canal entre as fontes e o público. Quem se expressa é quem dá entrevista para o jornalista. É a opinião da fonte que vai ao ar, nossa missão é simplesmente dar voz a quem quer se expressar. Por isso, dizer que permitir a qualquer cidadão exercer o ofício é garantir a liberdade de expressão, é mera balela.
Outro erro: a partir de agora, então, ofícios ligados às ciências humanas, como filosofia, história, sociologia ou letras, por exemplo, também não precisam mais de diploma. Afinal, se não há necessidade de conhecimento específico no jornalismo, como alegaram, também não há nestas faculdades. E até o cargo de juiz quem sabe agora possa ser ocupado por um engenheiro ou arquiteto, que tal? Não vejo na formação de um advogado nada assim tão diferente daquela utilizada no preparo de um jornalista. Eles decoram leis, nós teorias, princípios éticos, mecanismos de escrita.
Surraram a democracia no Brasil, mais uma vez. E justamente quem deveria garanti-la, incentivá-la, protegê-la. Triste, muito triste, o Brasil saiu perdendo.
Afinal, esse é o papel da imprensa: trazer à tona assuntos que, muitas vezes, ferem interesses corporativos para dar ao futuro do país uma perspectiva melhor. E é isso que querem evitar com a decisão da última quarta-feira. Querem jornalistas burros, pouco qualificados, que possam ser facilmente manipulados. Querem somente amebas à frente do conteúdo informativo entregue ao povo. Assim, poderão perpetuar o poder, mantendo-nos tutelados, sob as rédea dos barões da política nacional.
A decisão, na verdade, foi um "cala boba". A Justiça detesta a imprensa. Tem medo dela, teme a perda de regalias e privilégios, assim como o abalo de suas relações promiscuas com o poder. Por isso cassaram nosso diploma. Por isso nos humilharam, passaram por cima de nossa dignidade. Mais uma vez, foi a postura de uma Justiça que condena ladrões de galinha para proteger quem tem colarinho branco.
A alegação de nossos digníssimos magistrado não poderia ser mais esdrúxula: liberdade de expressão. Ora, senhores, jornalistas não se expressam, são apenas um canal entre as fontes e o público. Quem se expressa é quem dá entrevista para o jornalista. É a opinião da fonte que vai ao ar, nossa missão é simplesmente dar voz a quem quer se expressar. Por isso, dizer que permitir a qualquer cidadão exercer o ofício é garantir a liberdade de expressão, é mera balela.
Outro erro: a partir de agora, então, ofícios ligados às ciências humanas, como filosofia, história, sociologia ou letras, por exemplo, também não precisam mais de diploma. Afinal, se não há necessidade de conhecimento específico no jornalismo, como alegaram, também não há nestas faculdades. E até o cargo de juiz quem sabe agora possa ser ocupado por um engenheiro ou arquiteto, que tal? Não vejo na formação de um advogado nada assim tão diferente daquela utilizada no preparo de um jornalista. Eles decoram leis, nós teorias, princípios éticos, mecanismos de escrita.
Surraram a democracia no Brasil, mais uma vez. E justamente quem deveria garanti-la, incentivá-la, protegê-la. Triste, muito triste, o Brasil saiu perdendo.
domingo, 14 de junho de 2009
Os porquês do esgoto
Caros e estimados leitores, quero fazer aqui um sincero pedido de esculpas por ter-me ausentado tanto tempo do convívio que mantemos neste espaço. Mas minha vida tem estado bem corrida, com o trabalho de editor na Folha de Blumenau e os despachos que envolvem a criação de um portal na internet. Já na fase de programação, ele deve entrar no ar, ou melhor, na web, entre os dias 25/6 e 10/7.
Antecipo que causará ótima impressão, pelo nível dos parceiros que encontrei na empreitada. Gente boa do mercado de comunicação.
Justifico assim, então, a escassez de postagens aqui no blog. Assim que tudo estiver resolvido, nossos encontros voltarão a ser tão frequentes quanto antes. Mas em novo endereço, que informarei em momento oportuno.
De volta à Análise
Agora já de volta ao exercício despretensioso de comentar fatos, vou falar sobre o projeto que prevê concessão do sistema de coleta e tratamento do esgoto em Blumenau. Causa-me inquietação a velocidade com que a proposta ganhou corpo, simultaneamente à pouquíssima visibilidade que ganhou na sociedade.
É preciso esclarecer melhor essa história. A ânsia de resolver um problema secular a toque de caixa causa certo espanto. O modelo de concessão à iniciativa privada envolve licitações graúdas, transferências elevadas de recursos, negociações pra lá de melindrosas. E quem conhece o Brasil sabe como costumam ser feitos esses negócios, nem sempre de forma tão ilibada assim.
Por isso precisamos entender melhor o modelo proposto, saber quanto vamos pagar, como vai funcionar. Penso que algo desse nível não pode vir de cima para baixo, tem que ser o contrário.
Antecipo que causará ótima impressão, pelo nível dos parceiros que encontrei na empreitada. Gente boa do mercado de comunicação.
Justifico assim, então, a escassez de postagens aqui no blog. Assim que tudo estiver resolvido, nossos encontros voltarão a ser tão frequentes quanto antes. Mas em novo endereço, que informarei em momento oportuno.
De volta à Análise
Agora já de volta ao exercício despretensioso de comentar fatos, vou falar sobre o projeto que prevê concessão do sistema de coleta e tratamento do esgoto em Blumenau. Causa-me inquietação a velocidade com que a proposta ganhou corpo, simultaneamente à pouquíssima visibilidade que ganhou na sociedade.
É preciso esclarecer melhor essa história. A ânsia de resolver um problema secular a toque de caixa causa certo espanto. O modelo de concessão à iniciativa privada envolve licitações graúdas, transferências elevadas de recursos, negociações pra lá de melindrosas. E quem conhece o Brasil sabe como costumam ser feitos esses negócios, nem sempre de forma tão ilibada assim.
Por isso precisamos entender melhor o modelo proposto, saber quanto vamos pagar, como vai funcionar. Penso que algo desse nível não pode vir de cima para baixo, tem que ser o contrário.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Por quê?!
Certas coisa são mesmo difíceis de entender. A Câmara de Vereadores de Blumenau, que, a meu ver, errou em não cassar o vereador João José Marçal (PP), continua conduzindo o episódio de maneira equivocada. A demissão dos assessores petistas, que foi extremamente autoritária, já deveria ter sido revista há muito tempo. O caso estaria encerrado e todo mundo seguindo a vida normalmente.
Mas não, a direção da Casa insiste em mostrar a mão-de-ferro. Esquecendo que erro, de fato, quem cometeu foi o vereador ao exigir o descumprimento da lei. Até concordaria com a exoneração, caso o vereador também tivesse sido cassado. Aí teríamos mesmo peso e medida. Mas assim não dá pra engolir.
Mas não, a direção da Casa insiste em mostrar a mão-de-ferro. Esquecendo que erro, de fato, quem cometeu foi o vereador ao exigir o descumprimento da lei. Até concordaria com a exoneração, caso o vereador também tivesse sido cassado. Aí teríamos mesmo peso e medida. Mas assim não dá pra engolir.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
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