quarta-feira, 8 de abril de 2009

Francamente!

Caros e estimados amigos leitores, que prazer estar novamente com vocês! Deixei de escrever por longos quatro dias, com o objetivo de alavancar um projeto que eu e uma equipe de feras do jornalismo e das artes gráficas estamos alinhavando. Em breve, daremos a todos este presente, e, asseguro, a satisfação será generalizada.
Pois bem, de volta à análise, vou iniciar o debate discutindo outra vez a aprovação do novo Código Ambiental de Santa Catarina, parido na semana passada por nossos nobres deputados estaduais.
Tava pensando: restam em Santa Catarina cerca de 7% da cobertura original de Mata Atlântica. No caso da Mata dos Pinhais, que cobre - ou cobria - o território catarinense entre o Planalto e o Oeste, este percentual é bem mais baixo. Nesta região, a araucária e suas florestas foram quase totalmente dizimadas.
Como, então, poderíamos imaginar - como imaginou quem propôs e aprovou a nova lei - que é preciso avançar sobre o pouquíssimo que resta da cobertura vegetal para desenvolver o Estado? Acabamos com 93% da floresta e isso não foi suficiente, agora vamos obter progresso e desenvolvimento consumindo o 7% que resta?! Francamente, senhores, francamente, não dá pra engolir, como diria o saudoso Mário Jorge Lobo Zagallo. As professoras Beate Frank
e Lúcia Sevegnani, ambas doutoras e ambientalistas respeitadas, chamam a atenção, em artigo, para mostras evidentes de como se tem mutilado as reservas naturais do Estado. A Faema vem sendo sucateada, enquanto um conjunto de leis aprovadas pela Assembléia entregam aos exploradores os últimos pedaços da floresta catarinense.

Pulgas e grilos

Também me deixa com uma pulga atrás da orelha - aliás, várias pulgas, ou melhor, grilos, muitos grilos - essa história de propaganda institucional pública antes dos filmes no cinema, conforme projeto em trâmite na Câmara de Vereadores de Blumenau. Isso me lembra aquela coisa da maquina de guerra estatal. O facismo e o nazismo da Itália e da Alemanha, na primeira metade do século 20, adoravam este tipo de expediente. Eles também "educavam" o povo...
Tudo bem, vamos lá, os tempos são outros, e a comunicação está definitivamente em nossa vida. Mas para isso a internet está aí, democratizando o espaço, dando ao leitor a opção de encontrar o melhor meio para consumir informação. Será que este é papel do poder público? Quem regulará estes conteúdos, para impedir que se transformem em mera ferramenta de propaganda política? O orçamento municipal, já debilitado, reservará mais verbas para comunicação e publicidade? Quem brigará por estes recursos? Teremos mais licitações, mais lobby, mais Bonificação de Valor - a abominável BV?? Os veículos hegemônicos, digitais e impressos, vão dividir sua bolada junto ao Erário? Quem vai aparecer mais nestas peças publicitárias, os secretários do DEM, do PSDB, do PMDB ou do PP?? Imagina a briga...
Enfim, penso que temos coisa mais importante a resolver. Que tal uma lei que beneficie o setor cristaleiro, que hoje vive uma agonia falimentar? Temos aí a questão do transporte público, caro e ineficiente, para ser debatida e deliberada. Também sofremos com problemas de congestionamento, saúde pública, educação. Temos que priorizar leis de interesse público, abrangentes, consistentes. Um povo que recebe bons serviços é um povo educado, satisfeito, civicamente consciente. Não precisa ver propaganda pública para saber que é cidadão. Duvido que na Dinamarca ou na Suíça alguma cidade obrigue quem vai ao cinema a assistir a propaganda política.