domingo, 31 de maio de 2009

PP: o Coringa de 2010

Os botões de minha camisa, vizinhos eternos e inseparáveis, puseram-se a tagarelar neste fim de semana, derramando muita prosa sobre a trama que envolveu a absolvição do governador Luiz Henrique pelo TSE .
Naquela tagarelagem, um dos botões questionou: será que não estão superdimensionando o papel do vice-governador Leonel Pavan no desfecho do episódio? Tudo bem, é claro que a contratação do advogado Fernando Neves, sumidade que traz no currículo casos como o que envolveu a renúncia do ex-presidente Fernando Collor, foi decisiva e teria partido do ninho tucano. Mas o PMDB também tem cobras criadíssimas em Brasília. Gente muitíssimo capaz de encaminhar lobbies, recados e ponderações no centro nevrálgico da política nacional.
E mais: gente ligada ao governo e, portanto, ao poder, do qual hoje o PSDB, em nível nacional, surfa apenas a marola da oposição. Além do mais, nada impediria que Neves já tivesse sido contratado pelo próprio LHS, afinal já atuou no processo de outros quatro governadores. Aliás, a entrada de Pavan no processo pode bem ter sido estratégia para corrigir tal erro.
Enfim, será difícil saber ao certo de onde exatamente partiu a jogada que virou o placar e garantiu a vitória de Luiz Henrique aos 48 do segundo tempo. Mas vale lembrar que ele ganhou cinco eleições seguidas _ uma para deputado federal, duas para prefeito da maior cidade do Estado e duas para o governo de Santa Catarina - e foi Ministro da Ciência e Tecnologia no governo de José Sarney. Cacife o peemedebista tem, até mais do que Pavan.
Certo é que o resultado reforça ainda mais o latente racha que se desenha na Tríplice Aliança para o ano que vem. O tratamento que estão dando a Pavan, se fortalecê-lo, também pode defini-lo no embate. O DEM de Raimundo Colombo dificilmente abandona a disputa, enquanto o PMDB de Pinho Moreira e Dario Berger teria que entregar dedos e anéis para deixar a raia.
Num cenário em que os três lancem candidato - embora pouco provável -, o PT, acredito, fecharia com o PMDB. Até porque o comportamento das lideranças petistas em relação à absolvição do governador denuncia esta possibilidade. Todos no partido, embora oficialmente sejam oposição em nível estadual, pouparam LHS de ataques. Será que a dobradinha Berger ou Pinho & Ideli estaria pintando?
DEM e PSDB, caso Colombo ou Pavan se distanciem um do outro nas pesquisas, podem muito bem juntar forças e afastarem-se do PMDB.
Enquanto isso, o Coringa de 2010 deverá ser o Partido Progressista (PP). A sigla de Esperidião Amin, que deve concorrer ao Senado, pode fechar tanto com os petistas, com quem já caminharam juntos na eleição de 2006, quanto com tucanos e democratas, de quem são aliados históricos em Santa Catarina. E serão um Coringa disputadíssimo, já que o patrimônio eleitoral de Amin pode muito bem decidir uma eleição. As discrepâncias com o PMDB são fortes, mas, como na política o inimigo de hoje pode ser o aliado de amanhã, seria incrível imaginar PMDB, PP e PT juntos numa coligação. Lembrando que em vários municípios do estado, PMDB e PP já governam juntos. Seria uma nova Tríplice, em mais uma jogada incrível do astuto articulador que é Luiz Henrique da Silveira.