segunda-feira, 11 de maio de 2009

Verdades sobre a Cristais Hering

Recebi um e-mail do administrador da Cristais Hering, Alvino Cavaco, que fez considerações sobre o teor dos comentários que fiz aqui e as notícias que têm sido veiculadas pela imprensa local sobre a situação pré-falimentar da empresa. Mediante sua autorização, publico-o abaixo, considerando que traz argumentos claros e informações importantes:

"Não vi a citada matéria no jornal conforme teu blog: " Agora querem botar a culpa no juiz que decretou o confisco de bens da empresa para o pagamento de dívidas acumuladas junto à União ...". Porém deixemos bem claro que jamais citei, em qualquer hipótese, que a Justiça é culpada do fato Cristais Hering. São conclusões arbitrárias de entrevistadores. Acho, sim, que após tantos desmandos nesta empresa, a Justiça foi extremamente benevolente. Estou a poucos meses na gestão desta empresa, e o que objetivei realmente foi a reestruturação para deste ponto em diante, se passar a cumprir com os encargos sociais e tributários, garantindo uma certa sobrevida à mesma e aos empregados.
O que afirmei, é verdade, que jamais alguém investiria diante das duas últimas sentenças judiciais, pois eu e os investidores desconhecíamos ainda a magnitude plena do problema.
E como citaste, não estamos falando em R$ 500.000, como também informaram.
Os fatos reais que a levaram à paralisação, em breve serão de conhecimento social"


Quem ler, mais abaixo e no arquivo do Blog, as notas que escrevi sobre o assunto, entenderá do que Cavaco está falando. O trecho a que ele se refere, no texto escrito por mim, foi baseado em uma notícia que li no Santa, da qual transcrevo parte:
- Entretanto, argumentou ontem o empresário (Alvino Cavaco), só haverá investimento na Cristais “Quando a Justiça não for contra o empreendimento”.
Ele alega não que fez esta colocação ao jornal e diz que a Justiça, na verdade, tem sido benevolente com a empresa. Discutir o teor de publicações que envolvem subjetividades interpretativas e divergências de enfoque, porém, será sempre complicado, e é injusto apontar culpados quando se trata de discrepâncias de opinião e ponto-de-vista.
Penso que o mais importante na argumentação do administrador da Cristais Hering é o conteúdo elucidativo da mensagem. Quando ele reconhece que o intuito das negociações é dar "certa sobrevida" à empresa, admite que a situação é muitíssimo grave. Também desabafa, falando em "desmandos nesta empresa", constatação evidente perante o quadro a que chegou esta que já foi um ícone da pujança blumenauense. O administrador admite ainda que desconhecia toda a amplitude do problema, e que informará a sociedade, em breve, sobre a real situação da tradicionalíssima fábrica de Blumenau.
Cavaco, na verdade, aceitou uma missão pra lá de espinhosa e agora, se alguém merece algum crédito nessa história, é ele. A salvação da empresa, imagino, já não é possível. Mas da marca sim. Quem sabe se, executando a empresa e vendendo o selo Cristais Hering, algum investidor não possa de fato interessar-se.
Foi o que aconteceu com outro ícone da saga empreendedora da família de migrantes alemães. Comprada por uma família de italianos, os Bertolazi, a marca Gaitas Hering é produzida até hoje em Blumenau, com clientes espalhados pelos cinco continentes do mundo. Lá ainda trabalham - ou trabalhavam, até bem pouco tempo - afinadores que entraram para a empresa quando o proprietário ainda era o legendário Alfredo Hering. A antiga fábrica, porém, sucumbiu e deu lugar a uma praça, na região Norte da cidade.
Eu, particularmente, torço para que a Cristais Hering seja salva. Ela é uma das marcas mais conhecidas da cidade, devemos muito a ela e a família que fundou o Império dos Dois Peixinhos. Apenas penso que, dentro da atual composição jurídica da empresa, isso seja impossível, tamanha a complexidade das dívidas.