segunda-feira, 30 de março de 2009

Império com dias contados

Há poucos dias, escrevi sobre o fato de que a bancarrota dos países ricos estaria mais próxima do que a dos pobres. Ontem, assistindo um documentário americano no GNT, concluí que meu raciocínio não estava errado. O material foi produzido na América do Norte e mostrava um série de entrevistas e estatísticas oficiais, comentadas por economistas, phds, ex-funcionários públicos, magistrados. Só peixe graúdo falando.
Os EUA têm hoje uma dívida pública que equivale a 64% de seu PIB, orçado em cerca de 12 trilhões de dólares, ou quase 30 trilhões de reais. O deficit orçamentário - aquilo que o governo gasta a mais do arrecada - foi de US$ 40o milhões só no ano passado, quando o país teve o 25º deficit orçamentário dos últimos 30 anos. A partir de 2017, preveem especialistas, a situação irá se agravar, pois o sistema previdenciário, que hoje tem superavit e ajuda a custear a máquina pública, irá se tornar deficitário também. Os americanos estão envelhecendo, se aposentando e as novas gerações têm cada vez menos empregos. Ou seja, vai ter mais gente pra receber do que pra recolher benefícios. Em 2030, se nada for feito, o Tio Sam estará literalmente falido, devendo mais do que tem na conta, de bolsos vazios. A dívida pública será maior do que todas as riquezas que o país produz.
Uma das fontes do documentário ironizava as peças do orçamento enviadas para análise do Congresso e do Tribunal de Contas. Em 1993, mostrava, resumiam-se a calhamaços de números, postos sobre papel de jornal. Em 2005, eram mostruários pompudos, feitos em papel couchê, com fotos coloridas e desrições detalhadas de obras e ações governamentais. Verdadeiras obras de luxo. Além de gastar com guerras e protecionismo, o governo americano começou o jogar dinheiro fora também com burocracia e propaganda. O resultado está aí.
Há uns 10 anos comprei um livro de um tal G.A. Matiasz, jornalista americano que forjou parte do chamado Espírito de Seattle. O título do livro, traduzido, é "Fim, notas sobre os últimos dias do império americano". Fala justamente sobre isso: o tiro no pé das guerras e dos gastos públicos. Na época nem terminei de ler, pois achei delírio. Matiasz, no entanto, estava certo, e o fim do império está próximo.
Mas o pior é que nós todos pagaremos. Aliás, já estamos pagando. Os EUA ainda respondem por um terço da riqueza mundial, e seu encolhimento, já em curso, fará encolher a economia de todo o mundo.
Por isso que digo e repito: os países emergentes - principalmente Brasil, Rússia, Índia e China - têm tudo para assumir o controle do planeta. Irão assumir, muito antes do que se imagina. Na verdade, já começaram a assumir. Os números mostram isso. Só espero que enriqueçam com mais responsabilidade e sabedoria que os EUA, que jogaram tudo fora e meteram o mundo no atoleiro.