No último dia 6 de março eu publicava meu primeiro comentário aqui no Blog. Tratava de uma notícia veiculada pelo Santa, segundo a qual a Cristais Hering iria parar a produção, por 15 dias, para se reestruturar e fugir da falência. Naquela postagem alertei: a empresa, na verdade, poderia estar, isso sim, fechando as portas. Avaliei que seria difícil uma simples redução do quadro funcional salvar a empresa, sufocada por dívidas de R$ 300 milhões .
Depois, começaram a falar na busca de um investidor para salvar a empresa. Desta vez não escrevi nada, para não parecer secador, mas pensei com meus botões: que investidor assumirá um passivo de R$ 300 milhões em um momento de crise como este?! Ainda mais em um setor com dificuldades crônicas _ como a concorrência do vidro chinês - e altamente fustigado pela queda do consumo em todo o Planeta. Eu, se tivesse, não colocaria meu dinheiro ali, de jeito nenhum!
Hoje o jornal traz nova notícia sobre a Cristais Hering, informando que os funcionários pressionam a direção da empresa pelo pagamento de salários atrasados. Não quero desanimá-los, mas tenho receio profundo quanto ao recebimento destes débitos. Já se passaram 26 dias e a tal reestruturação não devolveu fôlego à fábrica. Acho difícil que este ícone da economia blumenauense volte à carga. Infelizmente será, possivelmente, mais um capítulo encerrado da história do empreendedorismo vitorioso e pioneiro da cidade.
Na verdade trata-se de uma tragédia anunciada. Há dois anos, conversando em off com o presidente do sindicato das cristaleiras, Ivaldino Cavalli, ele alertava: "se não obtivermos incentivos fiscais - o pleito era classificar o cristal como produto artesanal para isentá-lo de ICMS - teremos um futuro sombrio".
Mas tudo bem, esperança é a última que morre e quem sabe a Cristais Hering saia do buraco. Só que vai ser muito, muitíssimo difícil.