O IBGE divulgou hoje novos números do emprego em todo o país. De acordo com o instituto, janeiro foi o quarto mês consecutivo em que o total de demissões foi maior que o de admissões. Algo me diz que boa parte das dezenas de milhares de postos de trabalho que a indústria nacional está cortando não serão preenchidos novamente. Nem mesmo quando o nível de atividade econômica chegar a onde estava antes da crise. Como crises, quando superadas, sempre levam a um aperfeiçoamenmto de métodos e reorganização de processos produtivos, haverá novo enxugamento da força produtiva em todo o mundo. Tanto pelo novo patamar do consumo, que não voltará a ser o mesmo, quanto por novos investimentos em automatização de fábricas. Novamente as máquinas serão chamadas para substituir os homens. Quem tinha projetos arrojados para sua planta, vai tirá-los do papel assim que puder. Afinal, a lição da crise é sempre a mesma: aprenda com ela e se prepare para a próxima. Como preparar-se é reduzir passivos e entre estes os trabalhistas são de longe o mais significativo, a modernização surge como primeira alternativa.
Esta não é uma crise qualquer. É a Crise de 08, com relevância comparável àquela já conhecida da história, a Crise de 29. Os estragos desta só foram menores porque hoje há mais países com economia sólida - Brasil, China, Índia, Rússia, entre os maiores -, enquanto naquela época, com a Europa falida pela Primeira Guerra, os EUA concentravam quase todo o PIB mundial. Mas, assim como em 29, o mundo terá novo arranjo políticoeconômico a partir de 2008. Bancos estão sendo estatizados e a concessão de crédito será burocratizada; o empobrecimento dos países ricos dará mais poder aos emergentes e uma nova onda de naciolismo pode surgir através de barreiras comercias entre países, como já está acontecendo. Neste contexto, é provável um enxugamento, consistente e definitivo, da força de trabalho em todo o mundo.