Esses executivos metidos a profeta destas agências de risco europeias e norte-americanas deveriam olhar mais para o próprio umbigo. Profetizam que a estagnação da economia seria o melhor dos cenários para o Brasil, que, acreditam, pode mergulhar na recessão em 2009. As previsões são tão disparatadas que, enquanto o Banco Mundial aposta em um crescimento de 2,8% do PIB brasileiro, a Morgan Stanley acredita que encolheremos 4,5%.
Tanta variação só me permite concluir que a amplitude dos critérios adotados nas análises é tamanha que o foco acaba igualmente amplo e, diria até, subjetivo.
Pois eu acredito que a previsão dos yuppies é equivocada. Nossos fundamentos estão satifastórios: câmbio reajustado e mais favorável às exportações; inflação sob controle com juros em baixa; sistema financeiro equilibrado e captalizado; dívida pública sob controle e pouco dolarizada; nível de emprego regular, apesar das demissões dos últimos meses, e um parque fabril que nos últimos anos recebeu investimentos em modernização.
Já nossos hermanos ricos têm muito com o que se preocupar: o governo não para de comprar bancos e carteiras podres, da mesma forma que precisa estender a mão a empresas à beira da falência e ainda garantir liquidez ao mercado consumidor, que secou. Para tanta demanda por recursos, precisa emitir moeda. O Banco Central dos EUA, por exemplo, anunciou suplemento monetário de U$ 1 trilhão na semana passada, ou quase 10% de seu PIB. Conhecemos bem essa novela, sabemos que seu final é mais do que manjado: inflação voraz, como a que tínhamos até meados dos anos 90.
Por isso acho que, desta vez, nossa volta por cima será mais rápida que a dos vizinhos ricos. Se prestarmos atenção, veremos que na bolsa de valores, por exemplo, já colhemos resultados mais expressivos. As quedas da Bovespa com frequencia são menores e as altas maiores que Nova York. Há 10 anos, acontecia sempre o contrário.
Por isso aposto: dificilmente cresceremos menos de 1% neste ano. Talvez seja possível chegar a 2% e, num cenário bastante positivo, aos quase 3% que prevê o Banco Mundial.
Para fazerem previsões mais realistas, recomendo aos brilhantes economistas das agências de risco que saiam um pouco de Times Square e 5th Avenue. Venham ao Brasil. Façam uma visita ao Sul, a Santa Catarina, quem sabe a Blumenau. Ofereço até pernoite na minha casa, de graça. Eles precisam descobrir que este país não é apenas São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A riqueza se espalhou por outras regiões, e isso nos fez mais fortes do que eles imaginam.